
O ex-presidente Jair Bolsonaro chamou, em depoimento ao ministro Alexandre de Moraes, de “malucos” seus apoiadores que pediam golpe de Estado. Bolsonaro diz que era contra um golpe, mas as provas mostram o contrário.
“Tem os malucos que ficam com essa ideia de AI-5, de intervenção militar das Forças Armadas… que os chefes das Forças Armadas jamais iam embarcar nessa só porque o pessoal estava pedindo ali”, disse o ex-presidente.
O Ato Institucional nº 5, de 1968, foi o ato que recrudesceu a repressão da ditadura militar contra seus opositores.
Sua “prova” de que era contra as manifestações de seus apoiadores após a derrota eleitoral é um vídeo que gravou pedindo para que os caminhoneiros não parassem as estradas. Em seu depoimento, Bolsonaro tentou fingir distância dos “malucos” que pediam uma intervenção armada contra a posse de Lula.
Em outro momento, ele disse que “alguns poucos” falavam em um novo AI-5, mas que era apenas “desabafo”.
“Alguns poucos falavam até em AI-5. Quantas vezes eu orientava o pessoal que chegava, em movimentos nossos pelo Brasil, eu chegava para quem estava com a placa do AI-5. Questionava: ‘O que é AI-5’. Eles nem sabiam o que era isso. Intervenção militar, isso não existe. É pedir pro senhor praticar o suicídio, isso não existe. Deixa o pessoal desabafar”, falou em depoimento.
A reação á fala de Bolsonaro se refletiu em seus apoiadores. Nas redes, críticas. Exemplo foi a de Abraham Weintraub, ex-ministro da educação, bolsonarista ferrenho no início, mas depois rompeu com o Bozo: “eu fui muito otário!!!!!”. “O Bolsonarismo é uma LEPRA, RASTEJANTE, COVARDE, MENTIROSA E CALHORDA!”, continua sobre a fala bolsonarista.
A Polícia Federal obteve mensagens que comprovam que Jair Bolsonaro se recusou a interferir de maneira a desestimular seus apoiadores que estavam atacando Brasília no dia 8 de janeiro de 2023.
Enquanto os golpistas entravam no Palácio do Planalto, no Supremo Tribunal Federal (STF) e no Congresso Nacional, depredando o patrimônio público, o comentarista da Jovem Pan, Paulo Figueiredo Filho, pediu a Mauro Cid que Jair Bolsonaro se manifestasse contra o ato.
“Estupidez sem tamanho. O presidente Bolsonaro precisa se manifestar contra isso AGORA. Pelo amor de Deus. Eu estou no ar na Jovem Pan”, disse o comentarista às 16h36 de 8 de janeiro de 2023.
Mauro Cid, que respondia diretamente a Bolsonaro, respondeu: “Não vai [se manifestar]… Acabei de falar com ele”.
Bolsonaro só publicou uma mensagem criticando as “depredações e invasões de prédios públicos” feitas por seus seguidores às 21h17, quando o movimento golpista já havia fracassado.
Na conversa com Mauro Cid, Figueiredo comparou o caso com a invasão do Capitólio, nos Estados Unidos, por apoiadores de Trump que queriam um golpe, mas Mauro Cid disse que é “bem diferente”. O comentarista rebateu: “você vai ver o quão diferente [é] quando estiver preso”.