
“A taxa média de juros cobrada aos consumidores apresentou evolução pelo terceiro mês, já tendo influência sobre a inadimplência e percentual das famílias que não terão condições de pagar as contas atrasadas”, diz CNC 242ct
O número de brasileiros inadimplentes atingiu, em maio, seu maior pico desde 2023, com 29,5% da população economicamente ativa com dívidas em atraso. Os dados são da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic) divulgada na segunda-feira (9) pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).
A capacidade dos brasileiros pagarem suas contas está há meses prejudicada pelo arrocho monetário que impõe a atual taxa básica de juros, de 14,75% ao ano, argumenta a entidade.
“O cenário que preocupa é a composição das dívidas, porque as famílias brasileiras estão se endividando cada vez em prazos mais curtos a juros mais altos, mostrando a pressão da taxa básica de juros no orçamento familiar. Isso leva uma pressão às famílias que têm dívidas e consequentemente, colocando elas em situação inadimplente”, avalia Felipe Tavares, economista-chefe da CNC.
No caso da inadimplência, o crescimento em relação a abril foi de 0,4 p.p, ao o que houve aumento de quase 1% em relação a maio de 2024.
“Isso é um sinal preocupante, principalmente porque a “cauda longa” da inadimplência, que são aqueles consumidores que não têm perspectiva de quando poderão quitar suas dívidas, também aumentou”, diz Felipe Tavares. Entre os que têm dívidas em atraso, 12,5% afirmam não ter condições de quitá-las – percentual que avançou 0,5 p.p ante o mesmo mês do ano ado.
Famílias que ganham entre 3 e 5 salários mínimos foram as mais prejudicadas, com aumento nos níveis de inadimplência de 2,8 p.p em relação ao ano ado.
ENDIVIDAMENTO
A parcela de pessoas endividadas em maio também foi a maior em meses, informou a pesquisa, atingindo 78,2% das famílias brasileiras. Houve alta de 0,6 p.p frente a abril, mas recuo em relação ao ano ado, o que, segundo a entidade, reflete a maior dificuldade de o ao crédito e a cautela dos consumidores em comprometer seus orçamentos com os juros altos.
“Comparado ao resultado do ano anterior, a taxa média de juros cobrada aos consumidores apresentou evolução pelo terceiro mês, já tendo influência sobre a inadimplência e percentual das famílias que não terão condições de pagar as contas atrasadas”, afirma a pesquisa.
O cartão de crédito – assim como todo o sistema bancário – são os maiores credores de dívidas em dia e atrasadas. De acordo com a CNC, 83,6% dos endividados estão pendurados no cartão de crédito, seguido pelos carnês (17,2%) e crédito pessoal (10,6%).
“Diante desse cenário macroeconômico de aperto, a gente vê em perspectiva 2025 ser um ano desafiador para as famílias, porque o endividamento e a inadimplência tendem a aumentar. No que tange a inadimplência, a gente pode fechar o ano de 2025 com 30,2% das famílias brasileiras inadimplentes”, o que configuraria o maior patamar da série histórica da pesquisa, alerta o economista da entidade.